Autora:
Marlene Nunes Filipe
Product Manager da Certificação EN ISO 13485, SGS Portugal
A sustentabilidade nos dispositivos médicos é cada vez mais um desafio que os fabricantes destes produtos têm de enfrentar, aliado à segurança do doente.
Estima-se que, em todo o mundo, existam cerca de dois milhões de tipos diferentes de dispositivos médicos no mercado, divididos por mais de 7.000 categorias. Trata-se de produtos de saúde utilizados para fins médicos, que podem ser instrumentos, aparelhos, máquinas, dispositivos, implantes, que geram cada vez mais preocupações ambientais. Não só o setor da saúde configura uma importante fonte de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), favorecendo assim a poluição atmosférica e as alterações climáticas, como os resíduos produzidos por este setor são também grandes, pondo cada vez mais o foco na sustentabilidade nos dispositivos médicos.
À medida que as alterações climáticas e as questões ambientais se tornam uma preocupação para cada vez mais pessoas, a necessidade de garantir a proteção do ambiente assume-se de uma forma mais prática. Lançado no fim de 2019, o Pacto Ecológico é a resposta da União Europeia aos desafios relacionados com o clima e o ambiente, um plano que tem tanto a ver com a proteção do ambiente como com a construção de um futuro sustentável. Um compromisso que confirma a necessidade de transformar a nossa economia à escala do mercado único europeu, que vai para além da União Europeia, acelerando a transição de uma economia linear para uma economia circular.
No caso dos dispositivos médicos, a abordagem rumo à sustentabilidade ambiental tem sido caracterizada pela atenção dada a algumas áreas especificamente relacionadas com as características dos dispositivos médicos ou com aspetos gerais. Ou seja, a ênfase era colocada em questões como as embalagens sustentáveis, a expedição ou o transporte e o fim de vida do produto, que faz parte da gestão de resíduos, áreas que têm recebido muita atenção devido aos seus potenciais benefícios comerciais.
O foco nos riscos ambientais específicos levantados pelos dispositivos médicos demorou mais tempo a surgir. De resto, uma análise da principal legislação que regulamenta os dispositivos médicos mostra que estes são avaliados pela sua segurança e desempenho, e não pelo seu impacto ambiental, sobretudo as considerações sobre a proteção da saúde humana. Até porque os regulamentos não incluem uma definição sobre dispositivos médicos sustentáveis.
No entanto, a sustentabilidade na indústria dos dispositivos médicos pode promover a inovação, sobretudo no que diz respeito à dependência de recursos finitos. E torna-se uma questão cada vez mais premente, que os fabricantes de dispositivos médicos têm de começar a pensar e a equacionar logo desde o início do processo de design.
Etapas da sustentabilidade nos dispositivos médicos
Não se trata apenas de pensar no ciclo de vida do produto ou se o dispositivo é reciclável ou reutilizável, ou ainda sobre os custos envolvidos e os impactes ambientais associados à sua eliminação, mas também, em encontrar formas de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a utilização de energia e água e o desperdício de materiais ao longo de toda a vida útil do dispositivo. E isto vai da conceção e seleção de materiais, à cadeia de abastecimento, passando pelo fabrico e distribuição. Não só os dispositivos médicos sustentáveis são melhores para o ambiente e mais atrativos para os consumidores, como podem ainda gerar poupanças de custos e melhorar a reputação das empresas.
A começar pelos materiais. Aqui, o plástico torna-se cada vez mais uma questão, até porque sabemos que os plásticos de uso único diário podem demorar mais de 400 anos a biodegradar-se, pelo que os fabricantes de dispositivos médicos precisam de investigar a utilização de materiais mais sustentáveis, caminhando para um produto plástico sustentável e ecológico.
A questão da dimensão é também importante, nomeadamente o peso do produto, de forma a minimizar os materiais utilizados, havendo ainda esforços para reduzir o volume de componentes descartáveis. E tendo em conta que a maioria dos dispositivos médicos são cada vez mais pequenos e mais inteligentes, as questões de sustentabilidade tornam-se, aqui, mais fáceis.
A atenção à sustentabilidade passa também pelo processo de produção, onde o uso de energia e água deve ser minimizado, para reduzir o impacte ambiental. Uma nova tecnologia de produção pode ajudar a reduzir o desperdício, enquanto melhora a produtividade e reduz o tempo de colocação no mercado.
As embalagens têm enormes implicações ambientais e são uma área onde a maioria das empresas está agora a tentar reduzir, assim como a distribuição, importante quando se tenta reduzir a pegada de carbono.
Sobre a SGS
Somos a SGS – a empresa líder mundial em testes, inspeção e certificação. Somos reconhecidos como referência global em sustentabilidade, qualidade e integridade. Os nossos 99.600 colaboradores operam numa rede de 2.600 escritórios e laboratórios em todo o mundo.
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