Indústria dos cosméticos: estratégias para um futuro verde

Autora:
Rita Costa
Cosmetics & Hygiene Coordinator da SGS Portugal
 

São muitas as estratégias capazes de tornar a beleza mais verde e segura. Descubra, aqui, como a sustentabilidade pode fazer parte da indústria dos cosméticos.

A sustentabilidade é um conceito cada vez mais enraizado nas práticas comerciais de diferentes setores e a indústria dos cosméticos não fica atrás. Aqui, os fabricantes têm-se esforçado por maximizar o seu impacto positivo e minimizar a “pegada” negativa no ambiente, na economia e na sociedade em geral, através da adoção de diferentes estratégias com o mesmo propósito: dar resposta às necessidades dos consumidores de forma rápida, segura e sustentável.

E esta é uma tarefa que vai desde o fornecimento inicial de matérias-primas até à utilização e eliminação pelo consumidor.

Do fornecimento ao fim de vida: uma viagem sustentável na indústria dos cosméticos:

Fabrico 
O fabrico de produtos cosméticos é parte integrante do seu ciclo de vida e são muitas as formas de reduzir o seu impacto ambiental. A indústria dos cosméticos deve ter em consideração a redução do consumo de água e de energia, bem como de resíduos, reduzindo geralmente a pegada de carbono e obtendo mais materiais a partir de fontes sustentáveis. 

Formulação 
Na fase de seleção dos ingredientes, é importante ter em consideração os riscos ambientais e/ou para a saúde humana associados às substâncias utilizadas nos produtos cosméticos.

Embalagem
A embalagem dá um contributo importante para a sustentabilidade económica, ambiental e social através da proteção dos produtos, evitando a perda e degradação dos mesmos, sendo ainda, em alguns casos, essencial para a aplicação e função do produto. O desafio para o designer de embalagens é manter ou aumentar a aceitação e o impacto da embalagem pelo consumidor, enquanto tem em conta os objetivos de sustentabilidade.
Na União Europeia, as embalagens são regulamentadas sobretudo pela Diretiva de Embalagens e Resíduos de Embalagens, que define regras comuns, ajudando a reduzir o impacto ambiental das mesmas.

Transporte 
O transporte de ingredientes, materiais, embalagens e produtos pode ser um componente importante do ciclo de vida dos cosméticos. Com o combustível a representar pelo menos 30% dos custos operacionais dos transportes e a crescente pressão para reduzir as emissões de CO2, existe uma oportunidade de impulsionar uma maior economia de combustível na indústria dos cosméticos.

Fim de vida
Não existe uma solução única para a gestão de resíduos das embalagens, podendo esta passar por opções como a reutilização, reciclagem, incineração com recuperação de energia ou compostagem.

Informar, a responsabilidade na indústria dos cosméticos

Além do trabalho na melhoria das suas práticas de sustentabilidade, a responsabilidade da indústria dos cosméticos passa ainda por informar os consumidores sobre essas práticas e a utilização sustentável dos produtos cosméticos. E isso faz-se através da partilha dos dados de testes, de várias naturezas e para vários fins, que atestam a sustentabilidade de um produto de forma inequívoca.

Testes de segurança 

Todos os produtos cosméticos devem passar por uma avaliação de segurança abrangente antes de poderem ser comercializados, o que inclui a avaliação de segurança de cada ingrediente e do produto final. 

No que diz respeito aos ingredientes, são testados quanto a potenciais efeitos tóxicos, incluindo irritação da pele, sensibilidade e irritação nos olhos. Estes testes ajudam a garantir que os ingredientes não causam danos quando utilizados tal como é pretendido.

Estão ainda disponíveis testes microbiológicos, que avaliam os cosméticos quanto à contaminação microbiana, para garantir que são livres de bactérias, fungos e outros microrganismos nocivos, assim como testes de estabilidade, que garantem que os produtos mantêm a sua qualidade e segurança ao longo do tempo.

Há ainda os testes que certificam que os produtos são formulados com ingredientes naturais e/ou orgânicos e que não contêm fragrâncias sintéticas, assim como aqueles que atestam a presença de ingredientes de organismos geneticamente modificados (OGM).

Biodegradabilidade e Ecotoxicidade

Os testes de biodegradabilidade dizem respeito à avaliação da deterioração ecológica das propriedades físicas dos produtos e materiais em condições ambientais específicas, algo que deve ser feito na indústria cosmética, já que muitos produtos vão ser descartados, podendo impactar, de forma negativa, o ambiente se não forem facilmente biodegradáveis.

O objetivo das análises de ecotoxicidade é estudar o impacto do produto cosmético ou dos seus ingredientes nos organismos vivos, em diversos ecossistemas.

Microplásticos e PFAs

Os microplásticos e as substâncias para e polifluoroalquil (PFAS), que são uma grande família de moléculas de substâncias químicas sintéticas amplamente utilizadas em toda a sociedade e encontradas no ambiente, estão a conquistar a atenção pelo facto de serem prejudiciais à saúde (elevados níveis de exposição têm sido associados a cancro, defeitos congénitos e problemas da tiroide) e ainda de contaminarem as águas subterrâneas, as águas superficiais e o solo, estando já presentes também na água potável e nos alimentos. 

A sua resistência ao óleo e à água tem-nos tornado valiosos para a indústria da maquilhagem, que os tem adicionado aos produtos para prolongar a durabilidade, melhorar o acabamento e preservar a cor das sombras e dos batons.

A sustentabilidade na indústria dos cosméticos é uma jornada contínua, que vai desde a escolha das matérias-primas até ao fim de vida do produto. E cada etapa conta para proteger o meio ambiente e promover a saúde dos consumidores.

Sobre a SGS

Somos a SGS – a empresa líder mundial em testes, inspeção e certificação. Somos reconhecidos como referência global em sustentabilidade, qualidade e integridade. Os nossos 99.600 colaboradores operam numa rede de 2.600 escritórios e laboratórios em todo o mundo.