Biometano - combustível renovável para um futuro sustentável

Autora:
Mónica Neves
Chief Microbiologist, Global Biosciences Center, SGS Portugal

Sabia que o biometano pode substituir o gás natural na indústria, transportes e aquecimento, reduzindo emissões e promovendo a sustentabilidade? 

O biometano, que provem da purificação do biogás, tem o seu nome proveniente do facto de ser um gás produzido biologicamente a partir de resíduos. Tendo uma qualidade muito semelhante ao gás natural, apresenta múltiplas aplicações, que vão do fornecimento de calor e energia, aos nossos edifícios e indústrias, até à produção de combustível renovável para o setor dos transportes.

Na União Europeia (UE), os biogases, como o biometano, têm o potencial de desempenhar um papel fundamental na concretização dos objetivos de segurança energética e de mitigação das alterações climáticas, com benefícios que vão muito além destes e se estendem a vários setores.

O papel do biometano 

Na Europa, um dos grandes objetivos, em termos energéticos, é transitar para uma indústria de baixo carbono. Aqui, o biometano pode ter um papel importante ao permitir a satisfação de necessidades de muitos processos diferentes neste setor. Como? Pode substituir diretamente o gás natural tanto para fins energéticos como ao nível da matéria-prima, porque é quimicamente equivalente e contém a mesma quantidade de energia do que o gás natural.

Pode ainda produzir eletricidade, calor e vapor renováveis e pode ser facilmente obtido utilizando as redes de gás existentes. Já que é compatível com a infraestrutura de gás, assim como com os aparelhos de utilização final, não existem custos de adaptação para as indústrias que já utilizam gás natural.

Nos transportes 

Responsável por cerca de um quarto das emissões totais de gases com efeito de estufa da UE, o impacto ambiental dos transportes é enorme. E preciso reduzir este peso para cumprir a meta de neutralidade climática prevista para 2050.

O biometano surge como uma alternativa mais sustentável e competitiva em termos de custos face aos combustíveis fósseis. Sendo um dos biocombustíveis mais acessíveis atualmente e uma das poucas opções já disponíveis para setores de transporte de longa distância e com elevado consumo de energia.

Uma análise feita pelos especialistas confirma que um veículo movido a 40% de biometano misturado com gás natural pode reduzir as suas emissões de CO2 em 55%. Um veículo movido a 100% bio-GNL pode mesmo atingir um balanço negativo de emissões de gases com efeito de estufa.

No aquecimento

Os edifícios são os maiores consumidores de energia na UE, sendo responsáveis por 42% do consumo final de energia e 36% das emissões de CO2. Apenas 23% da energia primária para edifícios provém de fontes renováveis e, uma vez mais, o biometano pode ter aqui um papel decisivo, uma vez que é fácil de implementar e económico. Pode permitir, por isso, o aquecimento de edifícios residenciais e terciários, através de uma rede de aquecimento urbano.

Uma aposta na sustentabilidade 

Se pensarmos que os biogases contribuem diretamente para 12 dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, graças à sua capacidade de aumentar a quota de energia renovável, reduzir os efeitos das alterações climáticas, melhorar a gestão de resíduos e criar empregos sustentáveis, então as vantagens do seu uso tornam-se ainda mais claras.

Se isso não for suficiente, há um conjunto de dados que o tornam ainda mais fácil de perceber: um estudo da Guidehouse sobre monetização dos benefícios do sistema completo do biometano, conclui que, até 2030, os benefícios socioeconómicos e ambientais da produção de biometano para a UE27 e o Reino Unido vão variar entre os 38 e os 78 mil milhões de euros por ano, com potencial para atingir os 283 mil milhões de euros até 2050. 

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