Imagine que tem de embrulhar uma bola de futebol em papel de embrulho. Se tiver tempo, paciência e cuidado, consegue fazê-lo corretamente: sem vincos, sem danificar o papel e com um acabamento perfeito. Agora, leve esse mesmo trabalho para uma linha de produção. Vários operadores, turnos diferentes, competências diferentes e, claro, a pressão de tempo. O resultado? Não é o mesmo. Mas aqui vem a pergunta-chave: Porque é que estamos surpreendidos?
Esta é uma falha típica da indústria: definir uma velocidade de produção que não é viável. No papel, tudo parece simples. Define-se um tempo de ciclo ideal, calcula-se o custo unitário do produto e os números fazem sentido. Mas quando se passa para a realidade, as coisas mudam. O produto que estimou que custaria X euros revela-se agora mais caro de produzir. Está a perder margem. Não é rentável. E a grande questão é: quem definiu os parâmetros do processo?
Foi tida em conta toda a variabilidade? Mudanças de turno, diferenças nas competências dos operadores, condições da máquina, até mesmo o impacto da fadiga no turno da noite. Muitos destes factores não são tidos em conta na fase de conceção e desenvolvimento. Parte-se do princípio de que o que funciona em condições “ideais” será repetível na produção quotidiana. Grande erro.
As condições ideais são como embrulhar a bola numa mesa perfeita, com o melhor papel e a melhor fita adesiva. Mas na vida real, o papel pode vir com pequenas rugas, a fita nem sempre está ao alcance da mão e nem todos os embaladores têm a mesma prática. É isso a variabilidade: pequenas diferenças que, somadas, afectam o resultado final.
O problema é que, muitas vezes, o desenvolvimento de produtos e processos não é devidamente validado em condições reais. Os testes são feitos em ambientes controlados, com os melhores técnicos, em horários ideais. Mas a operação quotidiana é outra história. Depois, quando a produção não atinge a velocidade esperada ou a qualidade cai, perguntamo-nos o que terá corrido mal.
A conclusão? Se quisermos evitar estas falhas, precisamos de um bom desenvolvimento do produto, de um desenvolvimento realista do processo e, acima de tudo, de uma validação que tenha em conta a variabilidade do mundo real. Não se trata apenas de embrulhar cuidadosamente uma bola de futebol americano no laboratório; trata-se de garantir que qualquer operador, em qualquer turno, possa acertar, rapidamente e sem surpresas.
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