Autora:
Sara Pardal
Environmental Biologist e-DNA Specialist da SGS Portugal
As espécies invasoras são uma ameaça à biodiversidade, mas impactam também a economia global, com custos que chegam aos triliões de euros.
O que é que a vespa asiática, que ataca deliberadamente as colmeias em busca de presas, ou a ostra do Pacífico, que invade os bancos de mexilhões no Mar do Norte, têm em comum? Quem lida de perto com estas duas espécies invasoras conhece a resposta, que se traduz no seu impacto negativo, não só na biodiversidade, mas também na economia.
O que são espécies invasoras?
Podem ser animais ou plantas, mas partilham o facto de não serem naturais de uma determinada região e terem sido introduzidas numa nova área, deliberadamente pelos seres humanos ou de forma acidental. Nesta nova área, estabelecem-se, aumentam os seus efetivos de forma descontrolada e competem diretamente por recursos com as espécies nativas.
Consideradas como uma das principais causas de extinção de espécies nativas, as invasões biológicas são ainda responsáveis pela degradação de muitas funções ecológicas importantes (como a polinização por exemplo) nos ecossistemas e pelo surgimento e disseminação de doenças infeciosas emergentes. Tendo tido um custo económico que, de acordo com um estudo de 2021, deverá ascender aos 1,288 triliões de dólares nos últimos 50 anos em todo o mundo.
Potenciadas e alimentadas pela globalização, sobretudo pelo aumento do comércio e do turismo, espera-se que o seu impacto nos ecossistemas e no bem-estar humano continue a aumentar nas próximas décadas.
Da destruição de florestas, à devastação de culturas, estamos a falar de uma ameaça crescente e importante em todo o mundo, que se mantém um verdadeiro desafio, com impactos, segundo a União Mundial para a Conservação da Natureza, “imensos, insidiosos e geralmente irreversíveis”.
De tal forma, que tanto a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB, 2010), como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU, 2015) enfatizam a necessidade de prevenir a introdução de novas espécies e reduzir os impactos das invasoras, bem como identificar espécies prioritárias para controlo ou erradicação.
Uma ameaça à biodiversidade
Quando se procura contabilizar o impacto económico das espécies invasoras, é necessário incluir os seus efeitos diretos sobre os valores das propriedades, a produtividade agrícola, as operações de serviços públicos, a pesca, o turismo e a recreação ao ar livre, mas também os custos associados aos esforços para controlar a sua presença.
No que diz respeito à biodiversidade, esta é essencial para os processos que sustentam toda a vida na Terra, incluindo a dos humanos. O que significa que a ausência de variedade de animais, plantas e microrganismos, contribui para a degradação dos ecossistemas, dos quais dependemos inteiramente para nos fornecer o ar que respiramos, os recursos naturais para a criação de bens e os alimentos que ingerimos.
São muitas as formas pelas quais os humanos dependem da biodiversidade, sendo essencial a sua conservação. Por exemplo, estima-se que os polinizadores, como as aves, as abelhas e outros insetos, sejam responsáveis por um terço da produção agrícola mundial. Sem eles, não teríamos maçãs, cerejas, mirtilos, amêndoas e muitos outros alimentos.
A agricultura também depende dos invertebrados, que ajudam a manter a saúde do solo em que as culturas crescem. As árvores, arbustos, pântanos e pastagens selvagens abrandam naturalmente o fluxo da água e ajudam o solo a absorver a chuva e, quando são removidos, podem aumentar a o risco de inundações e de seca.
As árvores e outras plantas limpam o ar que respiramos e ajudam-nos a enfrentar o desafio global das alterações climáticas ao absorver dióxido de carbono. Os recifes de coral e as florestas de mangais funcionam como defesas naturais protegendo a costa das ondas e das tempestades.
Muitos dos nossos medicamentos, juntamente com outros produtos químicos complexos que utilizamos no dia-a-dia, como o látex e a borracha, são também originários de plantas.
Os custos económicos na União Europeia
Em 2023, um estudo liderado pela Universidade McGill ilustrava o elevado custo económico resultante das invasões biológicas na União Europeia (UE), uma região considerada particularmente vulnerável devido ao volume de atividade económica através do comércio e do transporte de mercadorias, que aumenta os riscos de espécies invasoras.
Das cerca de 13.000 espécies invasoras conhecidas por terem populações estabelecidas na União Europeia, apenas foram reportados custos associados a 259 (cerca de 1%), o que confirma a existência de falhas no conhecimento dos custos a nível regional.
Ainda assim, os modelos criados pelos investigadores estimam que os custos não declarados podem potencialmente ser 501% superiores aos registados atualmente, atingindo a impressionante quantia de 26,64 mil milhões de euros. Projeções que anteveem um aumento substancial dos custos futuros, com as estimativas a subirem para mais de 142,73 mil milhões de euros até 2040 na ausência de uma gestão eficaz.
Os custos associados às espécies invasoras refletem-se em diversas áreas. Na atividade agrícola, estas espécies podem reduzir drasticamente a produtividade. Isto acontece, por exemplo, com pragas que danificam colheitas ou plantas invasoras que competem com culturas alimentares.
No setor das infraestruturas, os impactos também são significativos. Algumas espécies invasoras podem causar danos a barragens e sistemas de água, aumentando os custos de manutenção e reparação.
O desenvolvimento urbano não fica isento de consequências. As espécies invasoras podem elevar os custos de construção e gestão de áreas verdes, uma vez que certas plantas danificam pavimentos, redes elétricas e outras infraestruturas urbanas.
Por fim, o turismo também é afetado. A degradação de paisagens naturais e de atrações turísticas pode reduzir o fluxo de visitantes e, consequentemente, as receitas do setor.
É por isso que a aposta na prevenção é essencial. E, aqui, os estudos de biodiversidade têm um papel fundamental, ao ajudar a identificar espécies ameaçadas e a desenvolver estratégias de conservação eficazes.
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